Metodologia

 
 
 
Metodologias Ativas – 1ª e 2ª Geração
 
 
 
  
  
Neste semestre passamos a ter contato com as Metodologias Ativas para o Ensino de Música e seus principais personagens. Diferentemente dos métodos tradicionais, nos métodos ativos, o aluno passa a fazer parte do processo de ensino através da experimentação, observação e reflexão. A pedagogia ativa faz o aluno pensar!
  
Entre os principais nomes estão:
  
 
Émile Jaques-Dalcroze (1865-1950) Suíça 
 
 
Dalcroze fazia teatro e é citado como uma figura importante também na dança moderna, tendo influenciado o trabalho de pessoas como Rudolf Laban. Para ele era muito importante a relação entre a Música e o Movimento, o que representava na época uma quebra de paradigmas muito grande e sua pedagogia está baseada exatamente nesta relação. 
  
Alguns pontos importantes: 
  •  Audição interior (imagens mentais)
  •  O Corpo 
  •  Espaço – tempo- energia (a relação entre força muscular, espaço percorrido e tempo 
  •  Consciência rítmica – sentido rítmico muscular
  •  Música na base da educação musical
  •  Tensão e relaxamento
  •  Educação psicomotora 
A pedagogia de Dalcroze influenciou nomes como: Willems, Orff e Kodaly
 
 
 
Zoltán Kodály (1882-1967) Hungria
 
 
 Compositor, lingüista, filósofo, educador, Kodály, influenciado por Dalcroze também trabalha o movimento, mas de forma não criativa. Seu método tem uma proposta essencialmente vocal e com uma preocupação em relação ao papel da música na sociedade.
    
Pontos importantes:  
  • A importância do Canto (“A melhor maneira de se chegar à aptidões musicais que todos possuímos é por meio do instrumento mais acessível a cada um de nós: a voz humana.” – Kodály)
  • A qualidade do repertório
  • Valorização da cultura popular
  • Percepção
  • Escala pentatônica 
  • Palavras rítmicas 
  • Dó móvel 
  • Manossolfa
  • Canções 
Kodaly influenciou, entre outros, o trabalho de Villa-Lobos, tanto na utilização de um repertório nacional como na criação de um manossolfa. 
 
Dinâmicas e experimentações Kodály
 
1. Cantar a música (exemplo: Samba Lele)
Tocar a pulsação no pé / mão / pé e mão;
Cantar a música enquanto toca um ostinato rítmico;
Com a mão direita tocar o ritmo, com a mão esquerda o pulso, e vice-versa. 
 
2. Construir frases rítmicas usando nomes 
 
 
 
  
Ou com frases:
  
 
 
3. Atividade em roda onde os alunos tem como par o aluno sentado a sua frente. Estabelece-se uma pulsação. Cada aluno vai propor frases ritmicas para seu par, de acordo com as seguintes possibilidades:
Perguntas e respostas iguais;
Perguntas e respostas diferentes;
Formulas de compasso diferentes. 
 
 
 
Edgar Willems (1890 - 1978) Bélgica
 
   
“A música se baseia em leis absolutas e naturais, como o ser humano.”
    
A frase acima demonstra o interesse e a preocupação de Willems com o ser humano, em especial a criança. Para Willems, existe um correlação entre a vida humana e a vida musical, como podemos ver a seguir:  
 
Vida corporal – (impulsos físicos) – vida rítmica 
Vida afetiva – (emoções) – vida melódica 
Vida mental – (raciocínio) – harmonia
 
Alguns pontos importantes:  
  • Método de ensino muito bem estruturado
  • Ouvir – reproduzir – falar(tocar) – ler – escrever
  • Instrumentos para educação musical: flauta de êmbolo, famílias de sinos, carrilhão, etc.
  • Invenção melódica,
  • Memória de batimentos rápidos,
  • Ritmos de linguagem falada,
  • Canções com poucos sons
  • Movimentos corporais naturais (marchar, correr, balançar, saltar, trotar, girar, movimentos cotidianos)  
Dinâmicas e experimentações Willems 
 
1. Exercício de percepção, utilizando diferentes timbres de sinos.
 
2. Improvisação através de perguntas e respostas melódicas, utilizando intervalos pré-definidos. 
 
3. Criação de frases rítmicas: com variações de dinâmica, com variações de andamento, com métrica, sem métrica. 
 
 
Hans-Joachim Koellreutter (1915 - 2005) Alemanha 
 
  • Não há valores absolutos, só relativos; 
  • Não há coisa errada em arte, o importante é inventar o novo; 
  • Não acredite em nada que o professor disser, em nada que você ler e em nada que você pensar. Pergunte sempre o porquê". 
Os princípios acima revelam uma pessoa revolucionária por natureza e muito difícil de se descrever sem ter se aprofundado em sua vida e obra. Porém, seja amado, odiado, criticado, incompreendido, é inegável sua contribuição à música brasileira, pois Koellreutter foi responsável pela formação de toda uma geração de grandes músicos brasileiros, como Claudio Santoro, Edino Krieger, Tom Jobim entre outros. 
 
Pontos importantes: 
  • A visão aberta
  • A criatividade
  • A não linearidade
  • Quebra de paradigmas
  • A liberdade 
Tivemos a oportunidade de assistir ao vídeo “Fim de Feira” onde podemos entender um pouco mais sobre este autor tão complexo. 
 
Abaixo, segue uma declaração de Koellreutter tirada de uma entrevista concedida a Folha em 07 de novembro de 1999. 
 
Qual é a função da arte no mundo? 
Koellreutter - A arte é uma contribuição para o alargamento da consciência do novo ou do desconhecido e para a modificação do homem e da sociedade. É necessário que a arte se converta em fator funcional de estética e humanização do processo civilizador em todos os seus aspectos. A função do artista deve ser a de contribuir para a conscientização das grandes idéias que formam a nossa realidade atual. 
 
 
 
Murray Schafer (1933) Canadá 
 
 
Uma característica de Schafer é a preocupação com o ser humano e a sociedade e também a qualidade da educação.
 
Pontos importantes: 
  • Composição
  • Criatividade 
  • Percepção e escuta
  • O canto 
Dinâmicas e experimentações Schafer 
 
1. Seguir a voz do professor que anda pela sala e os alunos, de olhos fechados, seguem apontando em sua direção.
 
2. Duas pessoas produzem sons diferentes e andam pela sala. Os alunos apontam para a pessoa A e para a pessoa B com a outra, também com os olhos fechados. 
 
3. Tira-se um aluno da sala e elege-se um objeto para que este aluno o encontre. Através de sons ora fortes ora piano o grupo auxilia o aluno a encontrar o objeto, tipo: quente e frio. 
 
4. Divide-se a sala com números de 1 a 4. Relacionar animais a cada um desses números e depois com os olhos fechados pedir para que eles se agrupem pelos sons dos animais. 
 
 
 
 
A Escola Inglesa de Educação Musical
 
 
 
George Self (1921-1967)
  
Com uma visão mais aberta e mais moderna, Self traz para a sala de aula elementos como:  
  • Notações alternativas
  • Gravações das produções sonoras
  • Obra aberta
  • Não linearidade
  • O intérprete como co-autor 
 
Dinâmicas e experimentações Self 
 
Executamos em sala de aula exercícios propostos por Self escritos de forma alternativa, mas de simples entendimento, com regência da professora Enny e depois com a regência dos próprios colegas.
 
 
 
John Frederick Paynter (1931-2010)
  
Defende um fazer musical criativo nas salas de aula tendo como alicerce pedagógico os princípios de liberdade, descoberta e individualidade.  
 
Pontos importantes:
  • Foco na criança
  • A composição
  • A criatividade 
 
 
Keith Swanwick (1931) 
 
Cria uma teoria, denominada Teoria Espiral, baseada nas ideias de Piaget, de que o conhecimento se processa por etapas sucessivas e é construído pelo indivíduo. 
 
A partir desta teoria, Swanwick desenvolveu uma pedagogia baseada num modelo que identificou como “C.L.A.S.P.”, que em português foi traduzido para modelo “T.E.C.L.A.” 
 
T- Técnica (manipulação do instrumento, notação simbólica, audição) 
E- Execução (tocar, cantar) 
C- Composição (criação, improvisação) 
L- Literatura (história da música)
A- Apreciação (reconhecimento de estilos/ forma/ tonalidade/ graus)
  
 
 
Educadores Musicais Brasileiros
 
 
 
Antonio Leal de Sá Pereira (1888 – 1966) 
 
· Aos 12 anos foi estudar na Alemanha 
 
· Mais tarde na Suíça teve contato com Dalcroze 
 
· Retornou ao Brasil depois de 17 anos, e foi convidado a lecionar na Escola de Musical de Pelotas - RS. 
 
· Foi professor de piano de Camargo Guarnieri 
 
· Criou uma revista de cultura musical
 
· Integrou a comissão encarregada de elaborar a reforma do ensino de música 
 
· Existe uma escola Sá Pereira 
 
· Critico muito grande dos métodos de ensino de música da época. 
 
· Defensor dos professores de música, sempre lutando por melhores condições.
  
 
 
Cacilda Borges Barbosa (1914 – 2010)
 
 
· Estudou piano e composição e regência
 
· Apesar de ser uma ótima pianista, não quis seguir carreira, se dedicando à composição
 
· Integrou a equipe de músicos que fez parte dos projetos de Villa-Lobos 
 
· Suas obras incluem Estudos Brasileiros para Piano, Canto, Acordeão, balés etc
 
· Foi uma das pioneiras da música eletrônica no Brasil.
 
· Em sua filosofia de trabalho era importante incorporar a brasilidade rítmica e melódica na educação musical
  
 
 
Maria de Lourdes Mascarenhas Vallier (1919 – 2001)
 
 
· Estudou piano, órgão e canto
 
· Ganhou uma bolsa do governo francês para se aperfeiçoar em regência e piano
 
· Métodos de estudo de piano em grupo. 
 
· Trabalha com leitura relativa
 
 
 
  
Jurity de Souza Farias (1910 – 1980)
 
 
· Tinha ouvido absoluto.
 
· Estudou piano desde muito cedo com a mão que era pianista
 
· Se formou pelo Conservatório Brasileiro de Música
 
· Especializou-se na pós graduação em Folclore Brasileiro 
 
· Fundou um conservatório no suburbio do Rio, que futuramente virou faculdade. 
 
· Escreveu o livro chamado "Curso Pré Teórico" 
 
· Solfejo influenciado por Dalcroze, baseado em frases. 
 
· Ela dizia que a criança deveria cantar desde o início, partindo de pequenas frases.
 
 
 
Osvaldo Lacerda (1927 – 2011) 
 
· Estudou piano e harmonia 
 
· Criou a Sociedade Pró-Música 
 
· Ocupou a cadeira n° 9 da Academia Brasileira de Música 
 
· Escreveu: “Compêndio de Teoria Elementar de Música” , “Regras de Grafia Musical”, “Exercícios de Teoria Elementar da Música” 
 
· A leitura começa com a prática das notas da escola de Dó 
 
· Canto por grau conjunto 
 
· Apresentação das figuras semibreve, mínima e assim sucessivamente 
 
· Lacerda não acrescentou nada de inédito, mas re-organizou o estudo de teoria musical no Brasil.
 
   
 
                        Reflexão
 
 
 
Neste semestre fomos apresentados aos principais educadores musicais e seus métodos de ensino. Tivemos a oportunidade de conhecer as diversas formas, ideologias, filosofias e práticas relacionadas ao ensino da música no Brasil e no mundo. Além disso, pudemos vivenciar, em sala de aula, as propostas e exercícios de alguns destes educadores, nos abrindo muitas possibilidades de trabalho com nossos alunos,tornando este semestre muito rico,.
 
 
 
É importante ressaltar que tomar conhecimento das metodologias é apenas o primeiro passo em todo este processo de especialização e desenvolvimento profissional. Devemos ter o cuidado, em um segundo momento, de avaliar, refletir, aprofundar os conhecimentos, testar e acima de tudo entender “O que podemos fazer com todo este conhecimento?” É fundamental procurar contextualizar cada educador e seu respectivo método, bem como adaptar essa ou aquela proposta para os dias de hoje e principalmente à criança de hoje.
 
 
 
Não vejo um método melhor que o outro, tão pouco certo e errado e ainda acho que não temos a obrigação de seguir apenas um deles de forma tão fiel. Temos a liberdade de adaptar, combinar e criar da forma como entendemos ser a melhor e que atenda às nossas necessidades. Como se diz: “A prática leva a perfeição”, e é da nossa prática no dia-a-dia que virá um ensino musical de qualidade.
 
 
 
Penso que o papel do professor de música é justamente fomentar a música na escola e automaticamente na sociedade. Não somos necessariamente formadores de músicos, mas de público! Para isso, assim como o pensamento de Willems e diversos outros educadores, acho que o foco está na criança. Cabe ao professor desenvolver na criança o amor pela música e a alegria em praticá-la. Além do próprio desenvolvimento da criança como ser humano dentro de uma sociedade.
 
 
 
“Deve-se evitar que as crianças se acostumem desde pequenas à música de má qualidade, pois, logo será tarde demais.” - Kodály